sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Ameaça terrorista em Heidelberg



Já tive a oportunidade de dizer que aqui em Heidelberg existe uma comunidade de militares americanos. Pois bem, até agora isso não era notícia, mas parece que foi descoberto um vídeo da Al Quaeda a ameaçar a Alemanha. A mim isso não me dizia nada, até agora era uma realidade distante, mas vê-se muito mais policia nas ruas e mandam parar autocarros e o trânsito a pedir identificações. Aqui as pessoas têm realmente medo que alguma coisa aconteça!
Hoje os bairros americanos têm guardas à porta e são rodeados por muros altos com arame farpado por cima. Ouço contar que antes do 11 de Setembro não era assim e que nesse dia os militares rodeavam o quartel, ocupando toda a rua, inclusive com tanques, em alerta. Claro que nada aconteceu. Nada acontece aqui. Nem os aliados bombardearam isto na grande guerra. Em Mannheim, a uns vinte quilómetros daqui, ainda há pouco tempo encontraram um míssil que não rebentou, havendo relatos de sítios onde se escava e se encontram centenas de balas por metro quadrado. Conta-se que de lá vieram idosos que trouxeram crianças perdidas dos pais.
Espero que continue sem nada a acontecer…

domingo, 25 de janeiro de 2009

Uma discoteca diferente


Este fim-de-semana fui a uma discoteca diferente. Parecia um qualquer recinto desportivo, com as balizas num canto. Mas na discoteca improvisada o barulho era o mesmo, as pessoas eram parecidas mas o barulho das luzes reflectia no branco do chão. Uma pista de gelo que ao sábado à noite é discoteca. Foi com medo que calcei os patins e me meti na pista, lisa e escorregadia. De gorro e cachecol, oscilante, a desviar-me dos adolescentes demasiado rápidos e de trajectória incerta, lá fui eu redescobrindo confiança e o equilíbrio.
Foi a contragosto que saí de casa, confesso. Mas nada como nos divertirmos no fim-de-semana para ganharmos energia para a semana. E pelas dores todas que ainda tenho, creio que patinar deve ser um desporto bastante completo!|

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Desemprego

Quando se fala em centenas de milhar de desempregados, não se atinge o drama social por detrás do número. Eu sei, porque faço parte do número. Sou uma em centenas de milhar. Acabei o meu curso e não tenho emprego. Culpa do estado que deixa abrir os cursos, culpa do ensino privado que faz da educação um negócio irresponsável, culpa minha, que já sabia que este curso não tinha saída e ainda assim frequentei-o.
Mas nada disso interessa mais... estava mal, mudei-me.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

nível 0 em língua alemã


Adoro a minha turma multicultural do nível 0 de alemão. Um Eng.º australiano, uma massagista Tailandesa, uma psicóloga da Guatemala, uma patologista russa, uma economista da Nigéria e alguns estudantes do Equador, México, Albânia, E.U.A., Cazaquistão e Malásia. A maior parte deles já cá vive há algum tempo e só agora lhes apeteceu vir aprender, todos por motivo profissional.

Um jovem da Carolina do Sul já aqui vive há dois anos e se não aprender a falar é expulso. Disse que esteve muito ocupado para aprender entretanto (“with what?”” hiking…”). Ele tem desculpa devido à comunidade Americana que aqui há. Um bairro gigantesco todo vedado com muros e soldados à porta. Parece que antes de irem para o Afeganistão alguns dos regimentos passaram aqui uma temporada. O bairro tem tudo, desde infantário, supermercado e stand de automóveis.

Ele diz que não precisa de falar alemão porque toda a gente fala inglês… Eu não tenho essa experiência. Em nenhum serviço público há alguém que me atenda em inglês. O mais frustrante é que me respondem em inglês a dizer que não sabem falar inglês. Felizmente, no McDonalds e no Burger King há sempre quem seja bi ou trilingue…

sábado, 10 de janeiro de 2009

Farta do frio


Esta semana descobri a utilidade dos carapuços das camisolas. Cubro com eles a cabeça, enrolo o cachecol no pescoço, visto o casaco e calço as luvas. Dou dois passos fora de casa e a minha cara congela. Já estou farta da neve e do frio. Isto é giro ao princípio, mas os nove negativos tornam qualquer saída uma experiencia curta e penosa.
Entretanto pouco mais se passa. A minha box da tv cabo vem a caminho e 2ª feira começo as aulas de alemão.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Neve


Ontem o dia acordou com a neve. Corri para a rua, com luvas e cachecol, dois pares de meias por debaixo das botas quentes e fui dar uma volta pelo campo. Leve, a estalar debaixo dos pés… Uma delícia para uma Coimbrã com azar nas suas visitas à Serra da Estrela. É-me estranho ver neve num sítio tão plano. Por todo o lado as pessoas limpavam passeios à porta de casa e espalhavam sal. Por aqui, se cairmos num passeio que não foi limpo, podemos processar quem não limpou o passeio à sua porta.
Hoje a neve está congelada e é dura. É feriado pelos Reis. Mais um dia de marasmo…

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Preguiça

A preguiça instala-se neste país congelado. A temperatura varia entre os -8 e -2 graus e o nevoeiro gelado é pouco convidativo para passeios. O nevoeiro cai no chão molhado e congela. Ouve-se o gelo a estalar debaixo dos pés. Dentro de casa bebe-se café quente e chá de ervas, com bolinho caseiro. Já com uma overdose da rtp internacional, começo a ponderar mandar vir uma box da tv cabo.

Ontem a meia-noite chegou comigo sentada no parapeito largo da janela do meu quarto, a observar toda a agitação da rua. Por aqui não é a câmara municipal que compra o fogo-de-artifício. As pessoas compram-no nos supermercados e vão-no deitando durante a noite. À meia-noite é o pico da curva de Gauss, vai tudo para a rua e o cheiro a polvora espalha-se no ar com o barulho e as luzes a explodirem no céu, os vizinhos a competir quem manda mais.