sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Novas


O meu alemão progrediu bastante, o suficiente para agora ter conversas a sério sobre coisas. Política, história, roupa, os nossos bichos, os colegas, os pacientes… Já sei tanta linguagem médica tem alemão como sei em português e inglês!

“Viver noutro país é um processo de autoconhecimento… “ disse-me uma brasileira, à porta da escola de alemão. Na altura achei que ela era um bocado freak, mas depois de pensar um bocado no assunto, acho que ela até tem razão. É por termos um meio de comparar o que estamos habituados com uma realidade diferente…

Por exemplo, nunca me tinha apercebido que só em Portugal é que se pede licença para rasgar papel.

A minha colega Christianne é loira e tem olhos azuis mas acha-se tão comum que pinta o cabelo de castanho-escuro e tem lentes de contacto castanhas! Acha giro o contraste com a pele branca… WTF?

Os serviços públicos abrem as 7h e fecham às 14h. Imagina-se lá os nossos funcionários públicos a tirarem o cuzinho da cama às seis, ou até antes, para estar no emprego às sete?

Não há supermercados abertos ao domingo. No autocarro, dois velhotes a resmungar contra o novo horário do supermercado, agora aberto até às 23h. Um absurdo! O capitalismo a esmagar direitos do proletariado! Coitados dos trabalhadores por terem que trabalhar até tão tarde!

Ouvir os alemães a dizer que não seriam capaz de comer polvo, com uma cara um bocado enojada?

Hum… polvo à lagareiro…

sexta-feira, 19 de março de 2010

Honey, i'm home!


Olá.

Bem… A serie que eu ando a sacar e a ver compulsivamente acabou de chegar ao ultimo episódio e… dado que não vejo televisão, já não tenho trabalhos de casa para fazer desde que acabei o curso há quase dois anos atrás (outsch!!), a lida domestica está orientada, toda a gente cá em casa trabalha à hora que todas as pessoas com empregos normais estão a jantar e que por isso eu estou sempre sozinha quando chego a casa do trabalho, e como não tenho vida social, o silencio cá em casa está a deixar-me um bocado doida neste momento.

Ando um bocado afastada do blog porque eu escrevo por gostar de ter testemunhas sobre aquilo que se passa com a minha vida. Tipo voyerismo, não na pele do voyer, mas na pele do observado.
Não saber quem nos lê, se nos conhece ou não conhece, quem nos conhece que nos lê… Perde a piada quando temos pessoas reais que nos preenchem esse tipo de vazio. Ouvi uma vez num filme qualquer que as pessoas se casam para ter alguém que testemunhe as suas próprias vidas. Um filme qualquer lamechas com o Richard Gear e a Jenifer Lopes… Não parece grande coisa de citação, mas lembrei-me agora disso porque se enquadra no que estou a escrever. Eu não me casei no sentido literal da palavra, mas estou super casada no sentido figurado.

E depois tem aquela coisa toda do “tema do blog”… não se devia escrever sempre de uma forma regular, tipo método McDonalds? Sempre igual em todo o lado, sempre habitual mesmo que nunca se tenha ido aquele Mc em particular? Devia ter um padrão acerca daquilo que escrevo. Há os blogs políticos, os babyblogs, os blogs de comédia, os blogs de gajas giras e super fashion com layouts giros e muitos comentários…. Eu não me enquadro em nada disso porque não tenho um perfil, ou estabilidade, ou paciência para me esforçar o suficiente para construir e manter uma coisa assim.

Mas ainda assim estou aqui a escrever para o meu blog. Compulsivamente. E tenho saudades disto… De escrever e de escolher fotos giras que tenham alguma coisa a ver com o que estou a escrever…

Hum… Acho que preciso de arranjar uma vida social… Ou arranjar outra serie para sacar...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

ainda aborrecida...


Novo ano, vida nova.

Já não vou à escola, já aprendi o alemão, já tenho um emprego a sério. Os dias andam cheios de stress. Entro e saio do trabalho de noite. Só vejo Sol ao fim-de-semana, quando há, da janela do quarto. Pelo menos a neve veio marcar presença no Natal e desapareceu como os enfeites da época e não está muito frio.

A inspiração, o tempo e a vontade para escrever continuam escassos. Quem não compreende a letargia causada pelo trabalho excessivo num inverno frio e escuro? Estou moída. O tempo livre é para cochilar no sofá a ver DVDs, comer bem e namorar.

O blog… bem, que se lixe! Hão-de haver melhores dias.

domingo, 6 de setembro de 2009

tv


Tinha uma colega no curso de alemão que se chama Asma. É muçulmana e usa véu. Eu acho que ela é quarentona, mas a roupa que até lhe cobre a testa e só me deixa ver as mãos fá-la parecer mais velha. É professora primária, creio que em árabe.


No outro dia falávamos de televisão. Toda a gente protestou contra. Só viam as notícias, um ou outro o futebol e documentários. A Asma afirmou que a televisão era muito prejudicial para as crianças, que têm muita energia e que depois de verem televisão ficam agressivas. O filho dela só está autorizado a ver tv uma hora ao fim-de-semana. A minha professora hippie disse que tem um amigo que tem medo de cobras porque enquanto miúdo viu na televisão uma cobra a enrolar-se à volta de uma pessoa.

Se fossemos ficar traumatizados com tudo o que vemos na televisão, ninguém mudava de casa, os filmes de terror começam todos assim.

Eu disse que em minha casa a televisão estava sempre ligada e que normalmente nem estava ninguém a ver. Quando era pequenita acordava mais cedo que os meus pais e ia ver os bonecos. Isso nunca me fez mal! Em Portugal até há um canal para bebés na TV Cabo, com música e cores. Eu adoro-o para adormecer.

A Asma acenava que não com a cabeça com a boca aberta de pasmo. Ficou tudo escandalizado!

domingo, 16 de agosto de 2009

Expectativas

Como tem sido hábito, tenho pouco tempo e pouca vontade de escrever. Lá vai o tempo em adorava o meu blog e vivia para rabiscar rascunhos de potenciais posts.

As minhas férias foram curtas e não tive tempo de fazer coisa nenhuma do que tinha planeado. Senti que estava tudo igual e tudo diferente ao mesmo tempo, mas talvez seja eu que estou diferente e atribuo o que sinto ao que me rodeia.

A minha melhor amiga está a divorciar-se. O meu casal modelo, que resistia a tudo, acabou. O que fazer quando os nossos ídolos nos frustram as expectativas?

segunda-feira, 13 de julho de 2009


Hoje tira-se o dia para faltar às aulas. Trabalho tenho na mesma, mas só de tarde. O fim-de-semana não foi suficiente para descansar… nunca é.

Começo a contar os dias para as férias: dezoito. Faço listas de tudo o que quero comer, de tudo o que quero fazer em Portugal, prendas para levar para quem, coisas que quero trazer, agendo o meu tempo para o aproveitar ao máximo.

Pego no telefone: "Mãe, quero bacalhau e carapau e doiradas, pasteis de Tentugal e leitão e vou fazer uma festa com os meus amigos aí em casa!!"

domingo, 5 de julho de 2009

Eu percebo o que os Rammstein dizem!



Sempre disse que gosto de todo o tipo de musica, excepto heavy metal ou metal ou tudo o que é assim do género de metal, para mim aquilo são quase grunhidos… mas hoje apercebi-me que percebo o que os Rammstein dizem! É incrível com esta forma de “música” ganhou um novo sentido para mim. Alemão já soa quase sempre um pouco agressivo, não consigo gostar de o ouvir em musicas românticas, não me soa bem. Mas assim em metal parece que encaixa!

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Trabalhar para o bronze





in Summerwinter by Christopher Ferguson


Se há coisa que as alemãs querem à força é serem bronzeadas.

O mar aqui está a 800kms e temos que atravessar os Alpes para lá chegar, por isso por todo lado existe piscinas públicas, ao ar livre, rodeadas de relva. Quando o Sol descobre (duas ou três vezes por mês) mete-se toda a gente ao Sol a grelhar como frangos da Guia.

No resto do tempo fazem sessões de solário e ficam com cabelo platinado e pele de uma cor estranha, castanha artificial.

É giro, porque em Portugal conheço muitas miúdas que dariam tudo por uma pele cor de leite, cabelos loiro platinado e bochechas cor-de-rosa.

Será que alguém está contente com o que tem?

sábado, 27 de junho de 2009

That girl

A Anna entra, atrasada como sempre para o curso de Alemão. Todos a olham de soslaio. Vestia um top cai-cai justo e uma saia branca, curtinha e completamente transparente. Tinha umas sandálias lindas...
A Samire chega-se a mim e sussurra "Não gosto desta miúda. Aquilo não é roupa para trazer para a escola, é roupa para..." e começa a praguejar em Albanês.

Rio-me. Não sei falar albanês, mas percebi direitinho o que ela estava a dizer!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Getting old



“A sério que tens que fazer exercício”, diz o Dr. G. com uma cara séria. “Agora és jovem, mas daqui a 5 anos começas a engordar e ficas feia e flácida.”
Choca-me a forma redutora como são vistas as mulheres a partir dos trinta. Confesso que tenho medo de envelhecer.
No outro dia fui a uma festa de aniversário de um miúdo que fez três anitos. A mãe dele contou que antes da festa ele fez uma birra porque não queria fazer anos. Tão pequeno e tão inteligente!